A indústria da construção civil defende uma política econômica que permita a redução da taxa básica de juros (Selic), estimule a competição entre fabricantes de matérias-primas e ajude a manter um fluxo regular de investimentos no governo a ser assumido pelo presidente eleito em 2023. O setor almeja que, nos próximos quatro anos, não haja alterações na regulamentação da construção (atualmente mais enxuta) e que Luiz Inácio Lula da Silva retome estímulos para a construção de moradia para a população mais carente.
Recentemente , o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, afirmou que o ponto-chave para o segmento é a regularidade no fluxo de investimentos. Ele disse ser preferível um volume menor de capital a um ritmo constante do que grandes aportes seguidos por freadas bruscas.
Afirmou que durante o governo Bolsonaro foram feitas concessões para investimentos estruturantes, como de rodovias e aeroportos, mas que, por outro lado, a infraestrutura de pequeno porte ficou em segundo plano e precisa ser retomada.
No principal programa de habitação do governo atual, o Casa Verde e Amarela (que substituiu o Minha Casa, Minha Vida), praticamente não houve contratações nos últimos anos no Grupo 1, destinado à população de renda mais baixa. Ele defende um debate em torno do assunto, pois “ninguém quer estourar o teto de gastos, mas é preciso resolver essa questão no Congresso”.
Alguns especialistas defendem ser imprescindível manter em ordem as contas públicas para que os juros possam cair. Atualmente a 13,75%, a taxa básica torna o investimento financeiro mais atraente do que o imobiliário. Segundo o executivo, a indústria da construção trabalha razoavelmente bem com um juro na faixa de 8,5%.
E mais: que é necessário estimular a indústria e desonerar as importações. Em 2020, foi reformulada uma norma que regulamenta o setor e que, por exemplo, permite que a gestão de riscos nos canteiros seja feita pela própria construtora, e não por uma fornecedora. Cálculos do Ministério da Economia indicavam que a mudança nas regras garantiu ao setor uma redução de custos de quase R$ 5 bilhões em dez anos.