A presença da mulher no setor da construção civil e áreas correlacionadas, tradicionalmente dominadas por homens, tem sido cada vez maior, seja em cargos de gerência, em canteiros de obras ou outros. O Ministério do Trabalho e Emprego estima que a absorção delas pelo segmento tenha crescido quase 50% nos últimos dez anos e que mais de 200 mil trabalhem no setor atualmente no Brasil. Em todo o país, suas habilidades e capacidades acompanham o crescimento do segmento, que surpreendeu em 2020, em plena pandemia de Covid-19.
A área da construção civil, aliás, foi a que mais gerou empregos nos primeiros dez meses do ano 2020, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção. Foram 138.409 formais, de acordo com o Ministério da Economia. O melhor resultado desde 2013. E, claro, a evolução pede mão de obra qualificada. Por isso, tendências como automação de obras, industrialização dos sistemas construtivos e incremento de ferramentas de projetos e gestão devem levar a ainda mais contratações de mulheres ao setor. Pelo menos é o que estima o relatório da McKinsey Global Institute, que aponta um crescimento global de 10% até 2030.
A força de trabalho feminina também está presente em empresas do setor de exploração, beneficiamento e comercialização de material britado para construção. É o caso da Granorte S.A, com sede em Bacabeira (MA), onde na área da pedreira, por exemplo, atuam três mulheres em cargos de liderança. Outras três estão em setores administrativos. É o caso da engenheira de Minas e de Segurança do Trabalho Ana Paula Vieira Silva, há 7 anos à frente da Superintendência. Ela conta que, no início da carreira, era muito mais difícil ganhar espaço.
“Era necessário se superar o tempo todo. Erros não são admitidos quando se atua em setor com predominância de homens, pois as críticas são mais duras e constantes com as mulheres. Ao assumir um cargo de gestão, o maior desafio é ser aceita pelo público masculino e com idade superior a sua. Estar à frente do setor produtivo exige assertividade, destreza, empatia e uma dose de pulso firme para se obter sucesso”, ensina.
Mãe de três filhos. Gabriel, de 15 anos, Maria Valentina, 5, e Melissa, de 1 ano, Ana Paula, atualmente, é referência profissional no setor em que atua, inspirando novos jovens a seguir o mesmo caminho. Além disso, a mulher por trás da profissional se desdobra entre esposa, mãe, filha e amiga, logrando êxito na harmonia entre todos os campos.
Na opinião da superintendente, com o passar dos anos a presença feminina tem sido mais desejada nesses setores com predominância da força de trabalho masculina. “Hoje, na Granorte, temos a presença feminina na Coordenação da Mineração e isso tem demostrado por meio das pesquisas de satisfação do quadro de colaboradores uma melhora no clima organizacional. Mas ainda assim, somos minoria”, afirma.
Há 20 anos no setor comercial da Granorte, Maria Teresa do Nascimento Araújo é outro exemplo de que as mulheres estão muito presentes nessas áreas. Ela diz que atuar em um campo com predominância masculina é gratificante.
“Isso mostra que podemos trabalhar onde quisermos, pois temos capacidade para isso. Prova é que há muitas mulheres em funções de liderança, inclusive aqui na Granorte. É gratificante para mim trabalhar aqui e me orgulho de ser comprometida com a qualidade do meu trabalho”, diz a funcionária, que é casada e tem dois filhos.
Para o publicitário Pedro Salgueiro, do Núcleo de Comunicação e Marketing da Granorte, é notável que as mulheres estão assumindo cada vez mais posições no setor da construção civil e áreas afins. “Nós reconhecemos a importância da força feminina e sua forma de conduzir os processos, estejam eles acontecendo em qualquer setor da empresa”.
Na visão de Pedro Salgueiro, a mulher tem a habilidade natural de enxergar além do resultado e do comportamento. Por isso, se destaca em cargos de comando. “Ela vê onde a pessoa melhor se adapta e tem uma visão mais orgânica dos processos. Isso ajuda em posições de liderança”, finaliza.