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Linha ferroviária construída pela China vai cruzar o deserto do Saara

 

Destinada a conectar a mina de ferro Gâra Djebilet, uma das mais significativas globalmente, ao resto da rede ferroviária do país, a China deu início à construção de uma linha ferroviária de 575 km na Argélia. A mina localizada no Deserto do Saara é parte de um acordo maior entre os dois países, que compreende a construção de mais de seis mil quilômetros de trilhos, com investimentos na ordem de US$ 36 bilhões.

A colaboração entre a China Railway Construction Corporation (CRCC) e a Argélia reflete um esforço contínuo para diversificar a economia argelina, atualmente dependente do petróleo e gás.

A nova infraestrutura não só facilitará o acesso ao ferro, que é essencial para a indústria siderúrgica chinesa, como também promete criar milhares de empregos, ligando regiões isoladas e potencializando o desenvolvimento econômico local.

Além disso, o projeto surge em um contexto de necessidade mútua. A China, um dos maiores produtores de aço do mundo, busca reduzir sua dependência de importações de ferro, especialmente da Austrália, com quem teve relações tensas nos últimos anos. Por outro lado, a Argélia procura aproveitar seus recursos minerais como uma alternativa às receitas do petróleo e gás.

O projeto é apenas uma parte dos acordos de cooperação firmados entre os dois países, que já resultaram na construção de mais de 1.200 quilômetros de rodovias na Argélia nos últimos 16 anos.

A China também se tornou a maior fonte de importações para a Argélia, fortalecendo ainda mais os laços econômicos e estratégicos entre as duas nações.

O interesse da China na mina de ferro se deve ao fato de o país ser um dos principais produtores de aço, mas que importa praticamente todo o ferro que utiliza e 70% dessas importações vêm de um único país: a Austrália. O problema é que as relações entre os dois países não eram as melhores há alguns anos e a China tem procurado diversificar as suas fontes.

Em 2017, a ideia de explorar a mina Gâra Djebilet começou a ser explorada, mas foi um desafio por dois motivos: o primeiro foi que ela fica no meio do nada, então algo como uma linha de trem muito longa teria que ser implantada. A segunda é que o ferro da mina contém grande quantidade de fósforo, algo que pode prejudicar o aço em certos níveis. Agora eles podem ter encontrado a chave para separar os dois minerais.

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